25 January 2011

Nunca uma mãe.

Não estava preparada para a tua partida, claramente. Mas a verdade é que a tua presença era tudo menos saudável para mim. A tua presença fazia-me sentir... não encontro a palavra. Sei que não era algo bom. E por isso, apesar de todos os julgamentos tirei-te da minha vida. Sim, às vezes tenho saudades tuas. Sim, às vezes dou por mim a pensar como teria sido se as coisas tivessem sido diferentes... mas não foram. Sim, às vezes dou por mim a chorar de raiva e a desejar que fosse diferente, porque eu mereço. E disso eu tenho a certeza, tenho a certeza que não mereço nada daquilo que me fizeste, nada daquilo que me disseste e nada daquilo que fizeste parecer. Nada. Eu era apenas... uma criança. Mas acho que isso nunca foi propriamente importante para ti, não pela maneira como me trataste, não pela maneira como demonstravas o teu amor por mim. Hoje sei (não devia ser assim tão importante). Sempre me encaraste como um capricho, uma forma de fugires do teu mundo, e da vida miserável que criaste para ti própria, por uns momentos e fingires que estava tudo bem, e que uma vez na vida tinhas tido uma atitude correcta. Não tiveste. Agora, estás sozinha. Por enquanto ainda não estás completamente sozinha, mas sim, em breve vais ficar. Porque tal como eu fiz, aqueles (os poucos) que ainda estão contigo vão virar-te as costas. Vão ignorar todas as tuas atitudes de adulta infantil, e vão embora. Não era isso que querias? É tarde de mais. Perdi vontade de estar contigo, e no entanto não há um dia que passe sem pensar em ti. Sinto a tua falta, mas não te quero perto de mim. Não vales a pena, entendes? Não vales a pena. E acredita, que todos e cada dia faço os possíveis e os impossíveis para não ser parecida contigo e para pensar todos e cada dia menos e menos em ti. Quero tirar da minha cabeça a palavra "mãe", porque lamento desiludir-te. Mas ser mãe é algo que nunca foste. Por todas as horas que me fizeste chorar, todos os momentos que me fizeste esperar, todos os momentos que me arrancaste o sorriso, todas as vezes que me desiludiste, todas as vezes que me fizeste pensar que eu não valia a pena, que estava a mais, por todas as vezes que me marcaste da pior forma possível, não és nem nunca serás mãe, pelo menos a minha.
Sabes o que é que digo quando me perguntam pela minha mãe? Digo que morreu. E sabes porquê? Porque para mim estás morta.
PS: Tenho vergonha de alguma vez te ter chamado mãe.

2 comments:

Inês Rafael said...

aii :/
força Filipa, espero que um dia consigas ficar (totalmente) bem ♥

Debora said...

até chorei :'(