02 April 2010

Abandonaste-me.

As rosas desapareceram, e o fumo amontoou-se junto a mim, olho em volta e a única coisa que vejo é fumo. Fumo por todo o lado, fumo negro e opaco. Já não te vejo, o meu coração palpita cada vez mais devagar e ameaça parar a qualquer momento. Chamo por ti, e estranhamente não me ouves. Ponho toda a minha alma e coração em cada grito, chamo o teu nome bem alto, mas nada, nem resposta. Pergunto-me porque não estás comigo para fazer desaparecer o fumo que agora me começa a cortar a respiração. A cada segundo o meu coração abranda, e não é de paz interior, abranda sem forças para lutar. O meu olhar tenta com todas as forças invadir o fumo, e procurar-te, mas em vão. As rosas? Estarão debaixo do fumo? Seriam rosas da minha imaginação? Eu baixo-me, apalpo o chão, e estranhamente não sinto nada, nem mesmo o chão. Tentei tocar-me e o resultado foi o mesmo. A única coisa que consigo sentir é o meu coração "tum tum", a bombear cada vez mais devagar. Respiro fundo, e por breves instantes, tento não respirar mais, acabar com o sofrimento. Olhei para o lugar do meu coração e deparei-me com um espaço aberto, um buraco, em forma de coração. Primeiro desapareces, depois as rosas, e por fim o meu coração. Levaste tudo contigo? Se o teu fim era terminar com o meu respirar, estás a conseguir. Estou cada vez mais fraca, e o coração quase não se ouve, ou sente agora. Atingi uma paz sádica interior. Deitei-me, sim, já não tenho forças para me manter de pé. Segura-me, volta, e traz contigo tudo aquilo que levaste. Preciso das minhas rosas e do meu coração. O tempo voa, assim como o meu respirar. "Tum tum, tum tum", parou.

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