13 June 2010

Mãe? Não sei o que é.

Ultimamente tenho-me sentido triste por causa de um assunto que não me incomodava há já muito tempo: mãe. Até me faz confusão dizer essa palavra em voz alta, tão poucas vezes que a disse direccionada à mesma. A realidade é esta: a minha mãe não presta. Mas tantas vezes vejo filhas a passearem com as mães, planos de tardes inteiras, e sinto falta disso, falta de uma coisa que muito honestamente nunca tive. A falta de alguém com quem conversar que não tenha a minha idade e muita porcaria na cabeça, alguém em quem possa confiar a vida. Falta daquele abraço de mãe que nunca tive, pelo menos verdadeiro. Falta de chegar a casa e dizer: "CHEGUEI MÃE!", coisa que nunca fiz. Pela primeira vez em muito tempo, este assunto voltou a incomodar-me, voltou a tirar-me a vontade de dormir, pôs-me a pensar o porquê de me ter calhado alguém assim. Afundo-me nas minhas leituras, e tento imaginar como seria se tivesse uma mãe, mas uma das boas. Eu não quero ter uma mãe só-porque-sim, gostava de ter uma mãe porque poderia ensinar-me a ser de outra forma. É claro que tenho o pai, e ele faz muito, às vezes demasiado, por mim. Mas precisava daquela presença feminina, não sei se entendem o que quero dizer. Não sei se me sei expressar. Talvez tenha esta forma de ser por não conhecer outra. Tornei-me uma mulher bem melhor do que o modelo inicial (a minha suposta mãe), mas mesmo assim, sinto que podia ser melhor, se tivesse nascido com outra mãe, alguém presente, que não me abandonasse a cada oportunidade e não me tratasse mal a cada segundo.
Odeio a forma como ela se vitimiza, como se isto a afectasse de alguma forma. Eu é que tive de crescer sem uma mãe, não ela. Eu é que tive de aprender a ser mulher sozinha, eu é que tive de saber como agir, ou tentar agir como uma verdadeira mulher. Talvez por isso esteja sempre tanto na defensiva... Não me tomem por vitima, preferia mil vezes crescer como cresci do que ao lado daquela aberração, mas por vezes, uma mãe faz falta.

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