12 June 2010

O meu caminhar.

O suave barulho do caminhar, é tudo aquilo que oiço neste momento. Sabe tão bem ouvir isto, e apenas isto. Sinto-me calma. Claro, depois de sair de uma das piores festas a que já fui, e ouvir das piores músicas que já ouvi, sabe bem ouvir o silêncio, junto com o meu caminhar. Sinto-me bem, sinto o sossego a penetrar o meu corpo, e a deixar-me assim, sem jeito de caminhar. Os meus sonhos estão tão ardentes nesta noite fria, e isso aquece-me. E o meu coração bate bate, e tenta corrigir o meu andar sem sentido. Mas nada me parece alterar nesta noite escura e fria.
Hoje durante aquela festa miserável, fui a um café (na tentativa de comer alguma coisa, visto que as bifanas da festa estavam intragáveis) e entrou um senhor no café, e pediu um whisky, ou qualquer coisa assim parecida com álcool. Talvez ande a ler demais, e tenha começado a fazer filmes na minha cabeça, mas a realidade é que naquele preciso momento comecei a imaginar a vida daquele homem que me era tão desconhecido, como ainda agora.
Será que tinha tido um longo dia de trabalho e queria descontrair um pouco antes de voltar para casa para os braços da mulher e dos filhos? Será que não passava apenas de um alcoólico a alimentar o seu vicio? Será que era um solteiro a tentar esquecer o facto de não encontrar alguém que o amasse? Passaram-me tantas hipóteses pela cabeça. A realidade é que naquele preciso segundo, senti pena daquele individuo. Tinha um olhar vago e ao mesmo tempo desorientado. Parecia que não sabia definir o seu estado, nem o que andava a fazer.
E na minha volta para casa, quando estava a caminhar e ouvir os meus próprios passos, nunca me senti tão pacifica e calma. Não estava num café qualquer a pedir um whisky duplo, a tentar esquecer a vida. Estava a caminhar para minha casa, o meu lar, onde pertenço. Talvez aquele homem não sinta que tenha um lar...

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