10 May 2010

E daí?

Não sou perfeita. Não tenho o comportamento perfeito, as atitudes perfeitas, a maneira de falar perfeita, o corpo perfeito, a cara perfeita, a pele perfeita, o cabelo perfeito, o olhar perfeito, a boca perfeita, a maneira de me expressar perfeita, os pensamentos perfeitos, e muito menos a vida perfeita. Contrario-me constantemente, não oiço metade do que me dizem, vivo a 100km/h, e a maioria das vezes só tenho consciência dos meus erros quando olho para trás. Tenho teorias novas sobre a vida todos os dias, e a verdade é que não quero saber de metade. Chamam-me desinteressada, desleixada e até desconcentrada, mas eu à minha maneira sou interessada, organizada e concentrada. Vivo à minha maneira e não espero que ninguém o compreenda. As criticas são constantes, e portanto comuns, mas eu da minha forma sou feliz. Tenho padrões de perfeição para tudo e a verdade é que vivo na esperança de conseguir atingir nem que seja apenas um desses padrões, e vivo consciente de que nunca irá acontecer, mas permaneço com essa ideia. Idiota? Talvez, mas é isso que me faz continuar a lutar por aquilo que AMO. Talvez aquilo que amo não seja aquilo que as pessoas querem que eu ame, mas cada pessoa é diferente, e o meu sonho é REPRESENTAR!
Dizem que sou desinteressada pela escola, e os meus professores dizem que sou uma frustração para eles pois podia ser das melhores alunas da turma, mas que como não me esforço, é impossível. Tentem compreender o meu lado, eu estou presa num sitio que não suporto, com pessoas que não suporto, a fazer algo que não me interessa. É claro que há excepções, há coisas que gosto de aprender, e há pessoas com que gosto de estar, mas não está nem perto daquilo em que quero estar a viver, não é isto que quero para a minha vida. Eu sou TÃO apaixonada pelas artes, e estou presa num sitio onde o único objectivo é decorar coisas que não me vão servir de rigorosamente nada na vida, e que vou esquecer minutos a seguir ao teste, onde a única finalidade é ver quem tira a melhor nota, e não quem tem mais talento e amor por aquilo que faz. E é por isto que a escola é obrigatória, e é por isto que as faltas existem, porque vos garanto que se não existissem NINGUÉM ia às aulas. Imensas matérias dadas não têm qualquer interesse ou objectivo, são dadas porque "está no programa". O próprio estado tem consciência do aborrecimento em que o ensino se tornou. Os métodos das aulas estagnaram e tornou-se tudo na mesma coisa. Dá-nos até a sensação de dejá vu, acabamos de sair de uma aula, e entramos noutra e nada muda. Os métodos são os mesmo, e o incrível é que por mais atenção com que estejamos chega a dada altura em que já só ouvimos a voz do professor e não aquilo que está a dizer.
Eu quero seguir o meu sonho e sair daquela prisão. A única coisa que me dá forças para continuar é saber que já falta pouco para o poder fazer. E sei o que devem estar a pensar: "Vais ter de fazer muitas coisas que não gostas na vida", e eu tenho noção disso, mas depois de tanto tempo, semanas seguidas, a dormir quase nada (visto que nenhum ser humano da minha idade consegue adormecer antes da meia noite, e digam o que quiserem, 90% não consegue), a ir a dormir para as aulas, a ser completamente bombardeados com todo o tipo de informações durante uma hora e meia, tenham paciência. É preciso ter amor, nem que seja só um bocadinho àquilo que se faz. E de uma coisa podem ter a certeza, quando estiver a fazer aquilo que AMO (representação e dança), eu vou entregar a vida à minha arte, porque eu SOU ARTE. Não sou perfeita, e daí?

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